Isilda ficou sozinha, com aquela vontade de se matar.
Chamaram-lhe tantos nomes.
Rebatizaram-na.
Anacleto desapareceu.
- Foi um mistério… - era o que diziam pela paróquia.
Isilda não sabia o que pensar, e coisas muito más lhe passaram pela cabeça.
Ele era o seu homem, o seu verdadeiro amor.
Encontrou-o na igreja, naquele dia. Ele viu-a, e soube ali, naquele
instante em que tudo se iluminou, que o coração não mentia. O corpo estremeceu,
sentiu tudo num repente. Foi naquele instante em que Isilda o encontrou.
O nascer do sol, aos domingos, roubava-lhe as histórias e o sonho.
África ficava tão perto e tão longe. As mulheres fúteis e ciumentas, umas
beatas sem vida própria, mataram-lhe o sol, os sábados e a esperança. Falavam com
um ódio no olhar, e uma inveja nos corpos. Acabaram de vez com o seu
encantamento. Sim, era mesmo verdade, Isilda e Anacleto eram amantes, e todos os
sábados fugiam para aquele mundo aparte onde se entregavam um ao outro como se o
amanhã não existisse.
Anacleto desapareceu para não mais regressar.
Ela esperou, e desesperou.
Os anos que ela desesperou.
Hoje recorda.
O Guincho convence-a. O amor é como as ondas de um mar agitado.
O Guincho convence-a a entrar.
Que diferença pode fazer.
As lágrimas são salgadas como o oceano.
Puta de vista esta!
Daniel coloca a cabeça no ombro de Isilda.
Daniel afaga-lhe as costas.
Ele sabe onde está Anacleto.
Sem comentários:
Enviar um comentário