quarta-feira, 13 de março de 2013

UMA PERFEITA FORMA DE SALVAÇÃO





Rui perdeu a paixão, ao fim de tantos anos, se é que alguma vez a sentiu.
Queria ser salvo por quem o compreendesse, mas a vida não funciona como um filme. A sua obra é agora um guião desgovernado.
No café onde o escritor encontrava as palavras, elas esgotaram-se. Acabaram! Cansaram-se de o auxiliar.
Não lhe resta mais nada.
Uma jovem toma um expresso em pé, ao balcão. O que será que ela pensa? Tem olhos negros intensos. Pega numa pequena mala preta que coloca ao ombro e desaparece para não mais regressar. Não é uma cliente habitual. Rui lamenta a possibilidade da rapariga poder nunca mais ali parar, e embrenha-se em pensamentos desconexos.
No café estão alguns idosos ocupados com as leituras dos jornais, entretidos com passatempos de papel e lápis. Sentados, isolados, tentam entender como é que o tempo lhes fugiu. Um deles discursa enquanto lê, gesticula, como se também estivesse acompanhado de um companheiro invisível. Sorri, vira a página do jornal, passa a mão pelas orelhas, mexe no nariz e nos lábios, tudo isto é feito enquanto mantém uma animada conversa com o amigo imaginário. Outros utilizam livros para voar.
Quando lhe falta a inspiração, recua e avança por entre personagens reais e fictícias. Os ruídos são o que mais o incomoda, todos os barulhos de fundo. As máquinas, a loiça a bater nas travessas, a porta de entrada giratória, a música de fundo, sem chama nenhuma, que procura criar ambiente, e todas as conversas. Tudo o distrai. Rui pratica o exercício impossível de tentar encontrar o silêncio neste caos onde escreve. Ao tentar encontrar palavras para as histórias, o escritor afasta tudo como velhas cortinas e entra naquele mundo misterioso onde habitam os contadores de histórias. Foi assim que ele criou as suas obras. Mas agora tudo mudou!
Não lhe resta mais nada.
- Tudo mudou, e depois tu apareceste! Não sinto a chama de outrora, nem escuto as minhas vozes, apenas a tua. Mas não te consigo ver, nem sei quem és. Tenho de escrever para viver, e isso tornou-se o maior dos pesadelos. Talvez essa seja mesmo a razão principal para a minha falta de inspiração. Antes, quando era apenas um ilustre desconhecido, sentia cada letra como um doce e cada palavra era um sorriso.
- Lá estás tu, de novo, a divagar! Onde estão as personagens que criaste? Ninguém quer saber se gostavas mais de escrever antes do que agora. Quem é que quer saber disso para alguma coisa? O que o leitor pretende é uma boa história, quer ser transportado para outros universos, com enredos sofisticados, apaladados… e tu estavas a seguir no bom caminho. As raparigas deviam ter-te inspirado, mas pensas demasiado nas coisas. Andas tenso, desorientado. As razões que apontas para a tua falta de génio parecem bater certo. Faltou-te mencionar a questão da preguiça. Tu és um gajo preguiçoso, muito preguiçoso. Se não consegues escrever pela manhã, escreve à hora de almoço, escreve durante a tarde, se não consegues escrever à tarde, escreve à noite, se não consegues escrever à noite, escreve de madrugada, escreve, escreve, escreve, escreve… deixa de arranjar desculpas, deixa de encontrar barreiras, e não te distraias demasiado com o quotidiano. Se os ruídos da vida te incomodam, procura locais silenciosos, se a luz te perturba, procura o retiro da escuridão, se os passageiros dos dias te fazem pensar, encontra a parede mais desinteressante para escreveres virado para ela. Não arranjes mais desculpas para a tua obra ficar parada. E se as músicas de fundo te aborrecem por não terem chama, escuta-me com atenção, escuta bem, ó escritor. A bela pianista do último piso toca maravilhosamente! Está na hora de lhe fazeres uma visita. A que história pertence a rapariga? Ela passou os últimos dias a compor. Não comeu, não dormiu, não bebeu, esteve nua, cara a cara com o universo. É disso que necessitas! Vai ter com ela para aprenderes uma bela lição. Sobe! De que é que estás à espera? Vai ter com a tua irlandesa. Foste tu que a descreveste, deves conhecê-la melhor do que ninguém.
- Imbecil! Não te vejo, mas continuas o mesmo imbecil de sempre. – responde o escritor bastante irritado.
- Não entendes nada da vida. Esta viagem ainda mal começou. Tu estás assim porque começaste a compreender. As cidades mostram partes de ti que preferias não teres de conhecer. Chamas-me imbecil, logo a mim que estou morto e apenas pretendo ajudar-te na construção da tua obra.
- Cheira bem, cheira tão bem! Alguém cozinhou bolos com aromas deliciosos.
Rui revê a imagem do corpo de Helen à janela.
- Perdi-me! Estava novamente a divagar. Pensava coisas que em nada contribuem para o avanço da minha história. Dou-te razão, e devo-te um pedido de desculpas. A pianista toca magistralmente. É um verdadeiro prodígio.
- Sim, a pianista é um espanto… e é capaz de compor melodias como ninguém.
O escritor perdeu a paixão, ao fim de tantos anos.
Rui ama a arte da escrita.
Através dela encontrou a mais perfeita forma de salvação.

sexta-feira, 8 de março de 2013

NA COMPANHIA DO SILÊNCIO




Refugiou-se no café onde costumava escrever.
O mês passou e as palavras não lhe aconteciam. Outro mês se passou, e as palavras teimavam em não acontecer.
Sem elas, a vida deixa de fazer sentido.
Rui procurou outro café, um outro local onde pudesse redescobrir as palavras que o abandonaram.
O Lopes insistia, com regularidade, e outro mês voava sem o regresso da inspiração.
Foi assim ao longo do ano e meio que demorou a escrever o último romance. Quase o dobro do tempo que gastara no penúltimo. Os dois foram recebidos com indiferença e as vendas têm sido uma desilusão.
A última obra é um perfeito exemplo da sua falta de génio. Um rol de banalidades numa história sem chama com personagens confusas e desinteressantes, embrulhadas numa escrita sem fulgor. O que mais lhe custou foi ter de suportar o sorriso amarelo do Lopes, e as muitas pancadinhas nas costas, servidas com palavras de circunstância:
- “Deixa lá, são fases! Todos os criadores passam por situações semelhantes. O teu próximo romance será uma verdadeira obra-prima! Começa desde já a pensar nisso.”
Rui entrou em todos os cafés, sentou-se a todas as cadeiras de todas as mesas. Em cada uma delas tentou escutar as palavras das vozes que lhe contam as histórias. Em todas elas encontrou a companhia do silêncio.

A deusa de ébano rasgou-lhe a roupa toda.
A deusa de ébano rasgou-lhe pedaços de carne enquanto se deliciava com o corpo do escritor, com os seus sumos.
O invisível há muito não se escuta.
Helen toca uma melodia triste e envolvente ao piano. O universo foi criado ao som de uma música semelhante.
-Começa a escrever! Aproveita estes momentos únicos de inspiração, e escreve! – diz o companheiro invisível.
As bailarinas cantam em coro a música da pianista.
A deusa de ébano mantém o escritor dentro de si, sente-o e abraça-o, e ri-se, e sangra e chora, e aperta-lhe as mãos e os dedos com força, e beija-o, e morde-lhe o lábio inferior, as orelhas, as sobrancelhas, o queixo, o peito, o pescoço.
Agora já não se ouve a melodia da irlandesa, nem os gritos estranhos do companheiro invisível, nem as vozes afinadíssimas das bailarinas, nem o ruído do tempo que passa.
- Como te chamas? – pergunta Rui com as mãos coladas nas nádegas da bailarina. Ela não responde. Continua com o jogo de prazer que o escritor acompanha.
Duas vidraças partem-se e delas saem mulheres de corpos esculturais.
- Porque escreves tu? – perguntam as bailarinas que se juntam ao escritor e à deusa de ébano. – Porque escreves e te esqueces de viver? Onde estão os teus filhos, ou filhas, a tua mulher, ou o teu homem, onde está a tua vida? O que vieste aqui fazer? Quem te trouxe à cidade inexistente? Porque te deixaste seduzir sem resistência? Porque nos chamaste, porque nos desejas? Tens contigo quem te dê prazer como nunca antes sentiste. Quem és tu, escritor, e o que pretendes?
Os corpos perfeitos das bailarinas são páginas com capítulos que nunca ousou escrever. Rui reage como ele próprio não esperaria.
- Isso, isso mesmo, rapaz! Inspira-te, sê verdadeiro, aproveita bem o tempo nesta cidade.
Helen toca uma música melancólica, e Rui perde-se nos corpos das três mulheres. Alimenta-se dos seios, dos cotovelos, dos lábios e dos cabelos das dançarinas. Regressa da deusa de ébano, descobre a deusa do norte. Tem as mãos saturadas com os odores do sexo das três mulheres, com os odores dos suores, com as cores do sangue que escorre pelas pernas feridas. Regressa da deusa do norte e descobre a deusa oriental, de olhos rasgados e olhar profundo.
- Isso, isso mesmo meu rapaz! Inspira-te, procura ser verdadeiro durante todo o tempo que aqui vamos passar.
A pianista ensaia uma estranha melodia, diferente de tudo o que se conhece tocado ao piano. Helen descobre como tirar partido do instrumento através de uma técnica inovadora. Suga-lhe os primeiros sons de uma nova construção melódica que acrescenta à obra.
Rui mantém o calor das mulheres junto ao seu. O dia passa, a noite e outro dia, e uma outra noite, outra vez.
A pianista irlandesa termina a primeira parte da sua obra durante este tempo. Não dorme, não come, não bebe, não descansa. Está nua, é assim que gosta de comunicar com o universo tocando o seu instrumento de eleição.
Que estranha é a cidade que o invisível lhe deu a conhecer.
A obra do escritor não cresce.
A obra de Helen começa a ganhar corpo, sonoridades ímpares tocadas numa técnica inovadora.
-Vais ver como a tua escrita se vai transformar. Esquece os cafés deselegantes e monótonos onde procuravas inspiração, esquece as cadeiras e as mesas onde te escondias a escrever. Esquece tudo isso. Mas nunca te esqueças deste mês incrível, caso contrário, o meu esforço terá sido em vão.
O sangue das feridas espalha-se pelo corpo do escritor.
- Sê bem-vindo à cidade inexistente. – exclamam em coro as dançarinas. – Sê bem-vindo à cidade de todos os prazeres.

Este é o café que Rui procurava. As cadeiras são feitas de corpos angelicais, as mesas são rostos delicados, e as palavras que lhe fugiram, regressam transformadas em notas musicais tocadas por uma extraordinária pianista.
Na cidade inexistente, as palavras não se escondem, as histórias brotam das vitrinas, estão vivas, sangram, tomam conta dos escritores para que estes possam continuar a criar as suas obras.
- Isso! Isso mesmo, rapaz! Inspira-te, deixa-te levar pelos prazeres da cidade, não tenhas medo de ser verdadeiro.
As bailarinas regressam às vitrinas estilhaçadas do edifício, que as recebem e ficam como novas. Saram as feridas e dançam ao ritmo da melodia de Helen.

- ESTÚPIDO! Um grande, grande ESTÚPIDO! O teu pai é mesmo um grande estúpido! O que vai ser agora de nós?
Sofia esperava muito da vida. Uma situação assim acontece todos os dias a tantos casais. Em pesadelos que nunca desejou, o cenário tinha-lhe sido participado. E agora, é bem real, está mesmo a acontecer. A ingrata, cruel realidade, resolveu bater-lhe à porta.
O Tiago está muito assustado a olhar para a mãe.
- O que foi que o pai te fez? O pai já não gosta de nós? O pai deixou de gostar de nós?
Sofia está de joelhos abraçada ao filho. Dor, raiva, desespero, o Tiago a soluçar, a fazer-lhe perguntas que não sabe responder.
- O pai vai deixar de viver connosco, já não vai voltar para casa? Vai ser como com os pais da Carlota, ela sabia que eles iam separar-se, mas não queria ficar a viver sozinha com a mãe. Eu gosto muito do pai, a sério, não consigo deixar de gostar dele, mãe. E tu? Vais deixar de gostar de mim por causa disso?
Sofia aperta Tiago ainda com mais força. Filha da puta da mulher que roubou o coração ao marido. Ela vai ter de as pagar, e o patife do Afonso, um parvo como só os homens sabem ser. Besta, um imbecil! Estúpido, mas que canalha tão parvo e tão estúpido lhe calhou como marido.

quarta-feira, 6 de março de 2013

O UNIVERSO ELEGANTE



Tudo se passa como se fosse uma história, um conto, uma novela.
Carla sente-se uma personagem de um livro. É que as coisas não acontecem assim na vida real. O que mais desejava, acabou de se concretizar, e os ecos desse desejo ainda ecoam pelos prédios do bairro.
Caem-lhe lágrimas de alegria, de alívio, de dor e de receio.
Não se consegue mexer.
A campainha toca.
Está alguém à porta.
Não se consegue mexer.
A campainha toca, está alguém à porta, não se consegue mexer.
Não quer ver nem falar com ninguém.
O Armando teve aquilo que merecia. É só nisso que consegue pensar.
O corpo e o rosto carregam as marcas de um relacionamento tempestuoso que Carla pretende esquecer.
O Armando teve aquilo que merecia, o Armando teve aquilo que merecia, o Armando teve aquilo que merecia, a campainha não para de tocar, a campainha não para de tocar, o Armando teve aquilo que merecia, o Armando teve aquilo que merecia, chora de alegria, de dor, de emoção, chora de alívio, chora principalmente de alívio, o Armando teve o fim que merecia.
A campainha para de tocar.
O telemóvel e o telefone não param de tocar.
Carla sai da varanda.
Desliga o telemóvel.
Desliga o telefone, desliga-se de tudo o que a incomoda, entra no quarto, fecha os estores, fecha a porta, fecha os olhos cansados, o corpo dormente e marcado, fecha-se do universo debaixo das roupas desfeitas da cama.
Alguém lê o livro com a história onde Carla existe, porque coisas assim não acontecem na vida real.

O universo desapareceu pela janela nas páginas do livro que Zé Paulo decidiu fazer voar. Asas feitas de folhas, páginas e palavras que explicam os intrincados fenómenos que acontecem num suposto universo elegante, e que relembra que as duas teorias que propiciaram o fabuloso progresso da física nos últimos cem são mutuamente incompatíveis. A tentativa ou o sucesso na resolução dos conflitos, leva-nos sempre até um outro conflito, diz essa obra. Palavras que falam de forças, matéria, uma mão cheia de teorias, princípios, explicações acerca dos mecanismos do universo, alguns efeitos, conceitos, comparações, visões, incompatibilidades, e outros pensamentos.
E o que dizer acerca dos buracos-negros, o big-bang e a expansão do universo? A mente humana talvez nunca seja capaz de entender como realmente opera o universo.
Mentiras, um chorrilho de mentiras adocicadas por uma capa lustrosa
Os leitores da obra são enganados, ou deixam-se enganar pela quantidade de falsas informações que o livro contém. Zé Paulo sabe muito bem como funciona o universo, sempre o soube, e isso é a causa principal das suas perturbações.
- Corre por aqui, mano! O pai é bem capaz de te matar. Vamos fugir e esperar que ele se acalme. – Disse-lhe o Alexandre naquela madrugada. Ele foi rápido a reagir, bem mais rápido que a mãe. Deolinda teve um fugaz momento de hesitação que durou um segundo. Zé Paulo tinha as mãos vincadas no pescoço do pai, mas ela não se moveu. O universo é um local violento, que permaneceu tranquilo durante aquele segundo.
- Corre por aqui, mano! A mãe vai acalmá-lo. Anda, sabe-se lá como é que o pai vai reagir a tudo isto.
Zé Paulo estava letárgico. As leis da física quântica passavam-lhe umas atrás das outras pela cabeça, enquanto fugia, nu, puxado por Alexandre.
- Nenhum tiro nos mataria, mano, nenhum! As balas seriam atraídas pela inimaginável massa do buraco negro que gravita à nossa volta. Seriam honestas connosco, deixar-nos-iam em paz. Acredita no que te digo, mano. Amanhã, este dia e esta noite terão desaparecido para sempre. Hoje ainda, durante o que resta desta noite, as lembranças serão uma mentira, jamais a realidade, nem tão pouco representarão partes da realidade. Construímos a nossa ideia de mundo partindo do pressuposto que todas as memórias, todas as lembranças são reais. Isso só prova que somos uns tolos. Mas uma coisa é certa, Alexandre, sem a tua amizade, este universo que habitamos já não seria igual. Tu sabes isso melhor do que ninguém.
Os dois irmãos correram para longe de casa, não fosse o revólver de Sepúlveda cuspir a última palavra.

- És louco? Tu é que és o louco desta casa! Que pai corre atrás de um filho de arma na mão?
Os olhos de Sepúlveda brilharam como os de um assassino.
A arma ardia-lhe nas mãos, o dedo tremia no gatilho.
A boca estava seca.
As sombras, todas as sombras, eram inimigas preparadas para o atacar.
O corredor cresceu, a mulher encolheu.
Jura ter visto a cara de Rogério a espreitar por uma fresta da porta do quarto, jura, mas não sabe, não sabe nada, e resolve começar a disparar.

- Desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, desculpa, mas tiveste aquilo que merecias.
O quarto está silencioso e escuro.
Carla pede desculpa pelo desejo concedido, tapada pelos lençóis.

Filipa liga o rádio do carro enquanto espera o pai e o sobrinho.
As notícias passam em quase todas as estações:
­“Uma pessoa morreu quando o carro explodiu após ter, presumivelmente, rodado a chave na ignição. Não há mais vítimas a lamentar, mas os estragos são muito consideráveis. Dezenas de viaturas ficaram danificadas e os vidros dos prédios vizinhos estilhaçaram com a violência da explosão. As autoridades já se encontram junto ao local do rebentamento. Segundo fontes próximas da polícia judiciária, suspeita-se que este seja o primeiro de uma possível onda de atentados”.
- Mas onde raio é que eles se terão metido? O pai nunca mais deixa o vício maldito… e precisamos de sair daqui antes que se generalize a barafunda. Tinha logo de acontecer uma coisa destas nesta altura.
Os dois surgem pelo meio dos veículos estacionados sem que Filipa se tenha apercebido. Assusta-se com a abertura das portas.
- CREDO! Nem vos vi chegar. Onde é que estavam?
- Vamos embora, tia. A polícia vai efetuar buscas ao aeroporto. Suspeitam de bombas no edifício. Não tarda nada, isto vai ficar um caos completo.
Augusto pensa que um atentado terrorista até pode ser uma coisa vantajosa. Se alguém destruísse por completo o aeroporto, mas sem causar vítimas, todos ganhariam com isso. O homem não foi feito para voar, o homem foi feito para caminhar com os pés bem assentes no chão!
- Se não te importas, vou fumar no carro. Desculpa lá, mas os nervos estão a dar-me cabo da paciência.
Filipa não responde ao pai. A fila para a saída do parque avança muito devagar, mesmo com a polícia a obrigar os condutores a saírem dali com rapidez.
A avenida está já ali, dentro em breve a rotunda, depois a segunda circular. Mas que manhã atribulada. E para ajudar à festa, eis que começa a chover com bastante intensidade.