domingo, 6 de janeiro de 2013

DESPERTAR



Susana abre a pequena mala para confirmar se guardou as chaves no devido lugar. Os pequenos gestos rotineiros não lhe ficam na memória, e dá consigo a confirmar coisas banais como esta. Será que fechou a porta de casa, será que apagou a luz da sala, será que sabe onde estacionou o carro ontem, será que o telemóvel tem bateria suficiente para hoje, será…
O dia está bonito, solarengo, primaveril, apesar do inverno ter chegado há três semanas. O ano novo é tão igual ao anterior. Onde terá ela deixado o carro? Porra… mais uma vez, são vezes a mais. Os automóveis deviam ter um alarme poderoso, e as chaves, um botão que os ligasse para ser fácil saber onde estão escondidos. Vai chegar atrasada, como ontem, como antes de ontem, e como no dia anterior a esse. Vai chegar atrasada, tem chegado quase sempre com atraso, e o trânsito às sextas-feiras é sempre pior. Merda para isto, merda para esta vida de merda. O carro devia ter ido à revisão, os pneus da frente estão gastos, o mínimo do lado direito está fundido, milhares de quilómetros no mostrador, mas o Clio, por mais voltas que dê, está quase sempre aninhado no mesmo lugar da avenida.
O telemóvel toca. É o Afonso. Não atende. A marca da bateria está no mínimo. O telefone vai morrer a seguir ao almoço.
- Merda! Devia ter confirmado se tinha as chaves do carro antes de sair de casa. Devo tê-las atirado para o sofá, e por lá ficaram. Estou tão farta disto. – pragueja.
Remexe no interior da mala minúscula, mais uma vez, sem olhar. A mão direita vasculha as entranhas da Louis Vuitton contrafeita, mas não sente chaves nos seus dedos finos.
- Valha-me Deus! As chaves de casa? Eu fechei a porta, eu sei que fechei a porta com elas. Onde as guardei, isso é outra história.
As mãos de Susana navegam em todos os bolsos, deslizam por todos os recantos, pedindo pelas malfadadas chaves antes que o desespero total se apodere de si. Acaba de as encontrar no fundo do bolso do casaco, onde não costuma guardar coisa nenhuma. Por dois segundos duvida da sua sanidade.
Carrega no interruptor do elevador várias vezes, para o chamar. O prédio tem dois, mas só um funciona, para poupar as despesas do condomínio. Dava tudo para ter dez a funcionar neste momento. Vai ter mesmo de telefonar ao Afonso se quiser ainda chegar a tempo ao emprego.
- Anda lá, merda! Mas que raio estão a fazer no terceiro andar que o elevador nunca mais chega? É uma falta de respeito manter assim o elevador parado tanto tempo. – pragueja.
Bate, bate na porta metálica até sentir o movimento, e a luz passa do três para o dois, do dois para o um, onde se fixa mais dois minutos.
Bate, bate na porta metálica e envidraçada, de novo, com mais força, mas a vontade é bater em quem a atrasa ainda mais. Movimento. A luz passa do um para o rés-do-chão, a porta abre-se, dois miúdos correm aos gritos, os pais atrás, e a velhota senhora Isilda do terceiro C, que lança um olhar de reprovação.
Com as chaves na mão, Susana acende o oitavo e liga ao Afonso, que não atende.
- Merda! Vá lá… atende, deixa de ser parvo. Atende!
O telemóvel morre antes de passar pelo quinto andar. Nem barafusta, para quê? Não vale a pena enervar-se ainda mais por causa disto. Vai ter de acrescentar o carregador aos adereços que moram na sua valise, se ainda se lembrar onde o largou depois do último carregamento. Oitavo andar. Sai do elevador e coloca a bolsa no chão para evitar que a porta se feche e o elevador lhe escape. Não vai demorar quase nada, é só encontrar o carregador e as chaves do Renault, só isso. Não vai demorar quase nada…

O Rodrigo acordou febril. Ainda nem saiu da cama, e logo ele que corre para a sala mal sente a luz do dia a entrar-lhe pelas persianas do quarto. Adora ver os desenhos animados bem cedo pela manhã. O pai nem se apercebeu. Sai de casa muito antes do sol raiar. É sempre a mulher quem trata do menino. Hoje, como sempre, assim aconteceu. A Rita encontrou o filho ainda na cama, já passava das oito. Os flocos na mesa esperam por ele, e assim vão continuar. Trinta e oito e oito! Uma gripe, olhos envinagrados, e uma tosse daquelas. O Brufen acabou. Isto tinha que acontecer logo hoje, que a Rita tem tanta coisa para fazer.
- Estás com febre, Rodrigo. Hoje não vais à escola. E essa tosse, olha para isto. O que mais me preocupa é mesmo essa tosse má. Vou já ligar para o centro de saúde.
O menino nem responde. Faltar à escola é bom, estar doente é mau. Dói-lhe a garganta, o corpo treme com frio, a luz do dia ilumina-lhe o quarto, às riscas, atravessando os intervalos dos estores semiabertos. A mãe regressa. Do centro de saúde ninguém responde. Talvez ainda seja cedo. Os olhos tristonhos do Rodrigo dizem que a gripe veio para ficar, a tosse é que está pior…
- Rui, o menino acordou com febre e cheio de tosse. Vou com ele às urgências do centro de saúde. Não vou poder passar por casa da Paula, nem fazer as compras para o fim-de-semana, e o mais certo é passar grande parte do dia com o miúdo à espera de consulta. Sim, sim! Com quase trinta e nove, e uma tosse muito seca. Diz que lhe dói o peito ao tossir. Não havia mais Brufen. Dei volta a tudo. Acabou e não temos nada em casa para lhe baixar a febre. Havia um resto de xarope que lhe dei para acalmar a tosse. Vai ser um dia para esquecer. Telefona-me logo, mais perto das onze. Pode ser que tenha novidades. Sim, um beijo para ti também.
Rita só queria dormir. Que ilusão. Os vizinhos de cima continuam a provocar desacatos e a gritar com muita frequência. Uma noite, o Rui subiu para pedir menos barulho, e foi ameaçado pelo brutamontes que lá mora, que ainda teve a lata de lhe dizer que o conhecem na esquadra muito bem e que não iriam fazer nada caso fizessem queixa deles. A queixa deu entrada, a polícia apareceu, e dois dias depois os pneus do Fiat acordaram furados, e o Rui sem testemunhas para provar o que era tão fácil de adivinhar. Gente perigosa e sem escrúpulos. Rita só tinha desejado uma sexta-feira normal, mas que ilusão.

Porque será que a Susana não atende o telemóvel quando é preciso, caramba? Olha, vai para o voice mail. Desligou-o ou então está sem bateria. É sempre a mesma coisa!
O Afonso tinha o telemóvel no tablier do carro quando este tocou. Ia a conduzir e estava a três quarteirões do prédio dela. A pequena distração fez com que o Alfa Romeu batesse contra a traseira do Golf preto que seguia à sua frente na fila.
- Merda, porra para isto! – desabafa.
Atira o telemóvel para o chão do carro como se a culpa fosse do objeto. Ainda bateu com violência. Muita chapa amolgada, os faróis partidos, a grelha e o capot bastante danificados, e a chapa da matrícula desaparecida. Triângulo, colete amarelo, papelada para preencher, o outro já telefonou para a polícia, não fosse Afonso fugir, e ainda lhe chamou parvo, e se era cego, e se vinha a dormir, mas depois pediu desculpa porque estas coisas alteram os nervos a qualquer um. Chama-se Abílio e é empregado de mesa num restaurante da baixa da cidade que esteve para fechar no ano passado. O homem falou da vida toda durante aquela hora que a polícia demorou a chegar. Depois ainda disse ao Afonso para ir lá almoçar um dia ao restaurante. A Susana é que nunca mais atende o telefone.

O dia está bonito. Isilda queria ir ver o mar, apanhar o comboio até Cascais. Está farta de estar em casa a olhar para a televisão. Hoje decidiu sair, apanhar o autocarro até o Cais do Sodré e depois meter-se no comboio, sentadinha do lado que fica virado para o Tejo, até ao Bugio, onde encontra o oceano. Faz-lhe confusão a barafunda da cidade. Cada vez mais carros, mais gente “esquisita”, mais agitação. No seu tempo, não era nada assim. As pessoas agora já nem se respeitam, e ela não conhece a nova vizinhança do prédio. Venderam quase todos os apartamentos de todos os andares. Tirando algumas pessoas que ainda identifica, a maioria é só “gente nova” que nem sabe dizer bom-dia. São todos mal-educados.
Assim que apanha o autocarro, o trânsito para na avenida por causa de um acidente. Raros são os dias em que isto não acontece, e este foi tão perto de casa.
- É sempre assim! – barafusta. – Não têm cuidado nenhum a andar na estrada. Sabe-se lá quanto tempo vamos estar aqui parados.
Isilda olha pelo vidro, vê automóveis detidos no tráfego, pessoas apressadas, passeios apinhados, lojas ainda por abrir, cafés cheios de gente, motas, cada vez mais motas, alguns ciclistas corajosos. Um dia tão bonito para ir até Cascais, ainda nem são oito e meia, e já a confusão da cidade lhe atrasa o passeio.
- Mais valia ter ido de metro. Na,… tenho muito tempo para estar metida num buraco! Deus me livre e guarde, aqui em cima sempre vejo a cor do céu, sempre lhe vejo o azul…

- Senhores passageiros, por favor, queiram colocar os cintos de segurança, vamos iniciar a aterragem no aeroporto da Portela onde chegaremos dentro de quinze-minutos. O tempo está bom, o céu limpo e a temperatura em Lisboa é de doze graus celsius.
A cidade é lindíssima vista do ar. Quem chega vê o Tejo, o Cristo-Rei, a ponte, o Panteão, as colinas, o Marquês, as avenidas, e fica a sensação de irmos aterrar no topo de um prédio qualquer. Um aeroporto no meio da cidade, é bom para quem parte ou regressa, menos bom para quem vive com estes pássaros de metal a passar, sem descanso, por cima de tantos telhados.
- Olhe tia, o voo do avô acabou de chegar. Foram só vinte minutos de atraso. O placard está a dar a informação, a dizer que já aterrou. Ainda temos tempo para comer qualquer coisa antes, se a tia desejar. Vamos?
Filipa veio esperar o pai que chega de Paris. Este ano resolveu ir passar o Natal com o António, resolveu perder de vez o medo de voar, e esteve por lá quase um mês. Ficou admirada pelo convite do irmão, que fez tanta questão em ter com ele o pai durante o Natal e fim-de-ano. Desde que a mãe faleceu, faz em fevereiro quatro anos, Augusto mal saiu de Almada, quanto mais do país. Mas houve alguma coisa naquela conversa entre o pai e o irmão que o fizeram mudar de ideia.
- Este ano vou passar o Natal a França com o teu irmão António. – disse o Augusto com voz magoada. Pelo menos, assim o entendeu Filipa, com alguma estranheza.
- Mas o pai não tem medo de andar de avião? Recusa sempre sair connosco, nem que seja para dar um simples passeio para não passar os dias fechado em casa, a fumar e a ler os mesmos jornais e as mesmas notícias de sempre. E agora, decide ir até França para ver o António? Ele que mal deu notícias desde o funeral da mãe. – responde a filha alterada. - Aconteceu alguma coisa para ele se ter lembrado de uma coisa assim passado todo este tempo…
O pai não a deixou acabar a pergunta. Virou-lhe as costas, vestiu o sobretudo cinzento-escuro, pegou no chapéu, nas chaves de casa, e saiu sem dizer nada.
Algo se passou lá por França, só pode. Logo à noite vou arranjar coragem para lhe telefonar. Pode ser que lhe consiga arrancar alguma coisa…- desabafou a mulher.

O cão ladra a manhã inteira. Coitado do animal. Deixam o bicho fechado na varanda, e os vizinhos a aturar a barulheira. Onde é que já se viu uma coisa assim, fecharem o caniche até que chegue a empregada. Oferecem estes presentes aos miúdos, como se fossem brinquedos, e depois dá nisto. Tem sido um verdadeiro inferno desde o início do ano. Não há quem aguente aqui no piso. A dona Fátima está a chegar e a Carminda vai falar-lhe acerca do assunto. Coitada da mulher, a empregada não tem culpa nenhuma, mas tem de ouvir as queixas. É quase impossível falar com o casal de médicos, são tão ocupados. Os rapazes ainda não terão treze anos. Desde que a dona Fátima os traz do colégio, à tardinha, até cerca das nove e meia, os gémeos ficam sozinhos em casa com o cão. Ao menos, nessa altura, o bicho não ladra como de manhã. Na próxima reunião de condomínio, tem de se falar no assunto.
- Bom-dia dona Fátima, ainda bem que a encontro. Está a ouvir o barulho que o cãozinho faz? Tem sido assim todos os dias, mal os senhores saem cedo de manhãzinha. Até mete dó. E o barulho não se aguenta.
A empregada vai dizendo que sim com a cabeça, e diz que está cansada de avisar, e a primeira coisa que faz, ao chegar, é ir passear o animal, mas mais do que isso, não pode fazer.

No hospital, as urgências estão à pinha. O surto de gripe não dá descanso a ninguém. Filas intermináveis de doentes, que chegam, uns atrás de outros, com poucos minutos de diferença. A imprensa disto tem feito notícia:
No que à gripe propriamente dita respeita, o segundo dia do ano foi especialmente intenso, com 32 mil pessoas a recorrer ao Serviço Nacional de Saúde, número que fica, porém, bastante abaixo dos 37 milhares registados logo após o Natal. Não deixa de ser claro o acréscimo em relação aos dois dias precedentes: 20 mil casos a 31 de Dezembro; 22 mil no primeiro dia de 2009.” – JN
- Andam a dizer que o surto já passou, que não existem motivos para grande alarmismo, mas a senhora já viu uma coisa assim? Eu não me recordo de uma enchente destas, com tanta gente à espera para ser atendida. As senhoras ao balcão disseram que podemos ficar aqui à espera muitas horas antes de o médico nos ver. É para isto que uma pessoa paga impostos? Eles querem lá saber de nós. Querem é o nosso dinheiro para aquilo que lhes interessa, essa é que é essa…
E a senhora mantém a conversa acesa:
- E é tudo uma virose. Sempre uma virose! Os médicos, hoje em dia, são cada vez mais novos. Estamos entregues à bicharada. O nosso mal é precisarmos deles. Tomara eu não ter de cá vir, era bom sinal. Mas o centro de saúde tem estado impossível.
A enfermeira avança, com uma montanha de processos nas mãos:
- A senhora tem de fazer um eletrocardiograma. Venha comigo, por favor.
As outras doentes fazem cara de caso. Estão na sala de espera há muito mais tempo do que a que foi chamada.
- Deve ter alguém conhecido cá dentro. Estas senhoras estão aqui desde as seis da manhã, e ainda ninguém as veio chamar…
Não têm sido dias fáceis no hospital. Os técnicos andam estafados, os médicos não têm mãos a medir, as salas e os corredores estão engarrafados, um inferno. E nestes dias a paciência acaba depressa, demasiado depressa. Tossem, espirram, falam alto, enervam-se, barafustam, questionam de minuto a minuto, uma azáfama inusitada que o surto veio causar. E soma-se a isto os casos mais urgentes. As urgências necessitam de obras profundas que o ministério da saúde adia constantemente. A população que o hospital serve é de quase 700 mil utentes, e muitas especialidades “polivalentes” deixam os doentes à espera, por vezes, cerca de doze horas. Se isto não é o inferno…
- Rogério, a empregada telefonou por causa do cão. Atendi porque podia ser alguma coisa com os miúdos. Já viste a lata? Como se não tivéssemos nada para fazer. Vou lá fora fumar um cigarro, queres vir, ou estás de “chamada”? A sala está a abarrotar. Anda, faz-me companhia.
O casal aproveita as dez em ponto para a pequena pausa. Partilham o lume, acendem o cigarro e, sem palavras, saboreiam o fumo a olhar o céu.
Madalena dá consigo a pensar em África, nos tempos em que os pais a levavam à piscina do grande hotel da Beira, e passeavam com ela na praia, à tardinha, mais o senhor Aires e o tio Adelino, que era sargento. As imagens desses tempos estão guardadas nos álbuns, mas na cabeça tem apenas vagas recordações. Sabe-se lá por que carga de água se foi lembrar disto agora.
Rogério não consegue pensar. Anda estafado, noites seguidas em que mal prega o olho por causa do congresso nacional de medicina e do congresso nacional do médico interno. O trabalho acumula-se. A mulher bem o tem avisado, mas ele não sabe dizer que não aos convites.
– Não tens sete vidas como os gatos! – diz Madalena, meio a brincar, meio a sério. - E os gémeos mal te veem durante a semana.
O cigarro estava a saber-lhe bem, mas ela tinha de matar o silêncio.
- Querias mesmo era chatear-me, não era? Estava a fazer-me bem a pausa, mas tinhas de me começar a chatear a cabeça.
O cigarro, a meio, foi atirado para bem longe.
- Tenho de ir, estão a chamar-me. Se quiseres sabes onde me encontrar à hora de almoço.
O médico regressou ao edifício em poucos segundos.
O ano novo continua tão igual ao que passou.

Ontem, o que ele mais desejava era sair daqui para fora.
Hoje, resolveu passear por um lugar pouco usual. A ponte está cheia de trânsito, e vibra com intensidade, mas nada aqui tem vida. A ponte só serve para atravessar, ou saltar dela abaixo e mergulhar no Tejo tranquilo.
Os automobilistas movem-se no tabuleiro a velocidade reduzida, mas não o veem, ou não querem ver. O que estará este homem a fazer na ponte? Deve ser um funcionário, um responsável pela conservação. Ele olha, através do pavimento, e sente-lhe a oscilação. Observa a água escura do rio a sussurrar por si. Cada brilho nela, um sonho por realizar. Falta pouco para o voo, para se transformar num pássaro, como outrora. Sobra-lhe desespero, falta-lhe a coragem. Esvaziou a mente, mas os pesadelos feitos de chumbo mantém a dor ativa, e salgada.
As viaturas seguem no compasso anónimo do corrupio matinal. Lentas, ordenadas, desalentadas. Os passageiros nem questionam a presença do homem ali, mas o pequeno Jorge sabe que é proibido passear por ali, e questiona o pai acerca do senhor que olha para o rio.
- Pai, o que está aquele homem ali a fazer? Viste-o? Está ali um senhor parado a olhar o rio.
O Vasco não dá atenção ao filho. Mantém-se alheado na condução e nas notícias da rádio.
Pai! – insiste o rapaz. – Estava ali um homem em pé, ali atrás, não viste? Ali atrás, pai, toma atenção!
Os olhos de Vasco saltam da estrada para o retrovisor, onde vê a cara preocupada do filho refletida no espelho retangular. Quanto ao homem, nenhum sinal.
- Não, não vejo ninguém lá fora. Tens a certeza? Devia ser alguém da manutenção, filho. Não te preocupes.
Jorge olha, de novo, pelo vidro de trás do carro. Não vê pessoa nenhuma na ponte. Onde será que o homem se escondeu?

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