sexta-feira, 10 de maio de 2013

A MAIOR DE TODAS AS REDES



Zé Paulo sabe que a sua vida é um bailado igual às chamas de um fogo aceso debaixo de um céu estrelado, iluminado pela lua. As estrelas saltaram da concha, e dançam no espaço, num mundo sem fim, escuro de noite, iluminado de dia. Tempos houve em que ele se entretinha a contar essas estrelas, durante a noite, e catalogava-as, durante o dia. Queria descobrir as fronteiras de tudo, e foi então que lhe surgiram as nebulosas, numa dessas noites frias e escuras. Há muita coisa no céu que é de difícil medição. O espaço imenso, infinito, com ou sem esquinas, está carregado de supernovas perturbadoras mas de extrema importância.
Zé Paulo acredita na existência de outros universos. Estudou milhares de estrelas com características muito subtis, e centenas de supernovas e de pulsares. Esses estudos confirmaram aquilo que ele já sabia - tudo o que existe está a afastar-se e a ficar cada vez mais distante. A descoberta da nebulosa de Andrómeda permitiu calcular melhor os limites do universo, que se alargaram desde que a distância até essa galáxia foi calculada. Tudo está tão incrivelmente perto e afastado, e não mais se pensou da mesma maneira. Onde estão, agora, os limites do universo, as suas fronteiras? Qual é a verdadeira dimensão e forma do espaço? Como se terá tornado luminoso este universo com quase catorze mil milhões de anos de idade? Qual é a rua onde mora, e em que prédio habita? Onde fica, de verdade, o lugar onde tudo isto acontece, e quais são regras que permitem transformar ficção em realidade?
Não existe apenas um espaço e um universo. Tudo é curvo e retorcido, e as dimensões, que não são apenas três, são prensadas e forjadas em fornos invisíveis chamados buracos negros. O Cosmos é um espaço curvo e distorcido, com formas e estruturas maleáveis onde as ações acontecem de forma não convencional.
O universo é inconstante, chega mesmo a parecer absurdo. Todas as galáxias se afastam e o imenso lençol onde se aninham, também cresce a uma velocidade inimaginável. Um poderosíssimo buraco negro atrai para as profundezas do universo o próprio universo onde o buraco negro habita, tornando ainda mais complexa a compreensão desse fenómeno. A luz do universo em expansão perde intensidade, tal como as ondas que surgiram nesse longínquo instante inicial.
O brilho das estrelas que conseguimos observar é um brilho sortudo e mentiroso. Conseguiu chegar até ao nosso firmamento, ao contrário da luz de tantas outras. As estrelas e galáxias que avistamos, são as mais jovens e as que estão mais próximas de nós. Algumas delas já pereceram, e como a morte é escura, à noite, também o céu se tornou escuro.
Filamentos de triliões de estrelas unem as galáxias umas às outras. É uma rede, a maior de todas as redes, mas também ela já mudou, e tudo se tornará mais sombrio. Esta nossa moradia vai-se alongando, pois é sugada pelo maior de todos os buracos negros, ao qual alguns chamam de energia negra.
Zé Paulo sabe, e acredita, que o espaço entre todas as coisas ficará tão grande e tão vasto, que nenhuma luz o conseguirá atravessar. É nesse horizonte longínquo, que tudo aquilo que imaginamos e compreendemos acabará pura e simplesmente por desaparecer.
Mas tudo isto não passa de um conjunto de teorias, hipotéticas explicações tão doces ou tão amargas como simples enganos grosseiros!

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